ST 11

ST 11. Título:
LITERATURA, ARTE: POR UMA POTÊNCIA ESTÉTICA E POLÍTICA DO SENTIR E DO VIVER QUEER

Proponentes:
Sandro Adriano Da Silva/UNESPAR-Campo Mourão
Ana Carla da Silva Lima/UEL  

Resumo: Eu vi os anjos de Sodoma inventando a loucura – diz um verso de Roberto Piva, poeta brasileiro, cuja verve poética transgressora diante dos cercos sociais, políticos, morais, sexuais e, no limite, existenciais, é aqui tomada como mote para este simpósio que se pretende um lugar de fala e de escuta das representações queer na literatura e nas artes. Um espaço que possa ensejar reflexões sobre demandas subjetivas das minorias sexuais e sua complexa e multiforme “potência estética de sentir (...) como posição privilegiada no seio dos Agenciamentos coletivos de enunciação” (GUATTARI, 1992; 2015). Uma “partilha do sensível” (RANCIÈRE, 2009) em sua dimensão estética e política, dos corpos, práticas, discursos e processos de subjetivação, como resistência ao “poder soberano” e à “vida nua” (AGAMBEN, 2004; FOUCAULT, 1995). O contexto atual brasileiro evidencia uma revitalização do conservadorismo político de extrema-direita que aventa, pela homogeneização da censura, definir o conceito de arte por paradigmas censores e exclusivamente morais, como a que capitulou a exposição do Queermuseu - Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, promovida pelo Banco Santander, em 2017, sobre questões de gênero e sexualidade. Nesse cenário que se esboça, o potencial criativo das demandas de liberdade, alteridade e de cuidado de si, primeiramente denominado e circunscrito como “cultura gay”, por Foucault (2006), hoje desterritorializa-se em campos mais amplos dos discursos de visibilidade e legitimidade das diferentes performatividades que incidem sobre a quebra de expectativa heteronormativa entre sexo, gênero e desejo e outras oposições binárias. No limite, encaminham intervenções críticas e teóricas sobre a noção (desestabilizada) de sujeito como resultado de “uma genealogia crítica das ontologias de gênero” (BUTLER 2003). Indóceis à ideologia reacionária tais “cartografias da diferença” arcam com o ônus de uma violência objetiva (ZIKEK, 2014) que se descortina em atos homo/lesbo/trans/fóbicos (além de misóginos e racistas), em formas de expressão naturalizada, como a estatística que aponta uma morte de LGBTs a cada dezenove horas. (dados do Grupo Gay da Bahia – GGB/2018). Serão bem-vindos trabalhos que discutam, por diferentes abordagens teóricas, a literatura e a arte queer em suas negociações enquanto resistência cultural frente a relações de poder disciplinar que visam agenciar trocas simbólicas no campo da ideologia, da cultura e da arte (BOURDIEU, 2007). Análises que interroguem o lugar ou não-lugar da arte e da literatura de autoria de minorias sexuais no interior do debate sobre direitos humanos (CANDIDO, 2011) e a emergência de uma potência societal em direção ao outro e ao sentir com o outro (MAFFESOLI 1999; 2000), como formas de subjetividade estética e política.
Palavras-chave: Literatura. Arte. Queer