A AVENTURA DE CONTAR-SE

(Emprestado de Margareth Rago)

Relatar a si mesmo não é tarefa simples, “contar uma história sobre si não é o mesmo que dar um relato de si”*. Relatar-se é muito mais que trazer a público uma narrativa, é expor toda a subjetividade e toda carga emocional existente do fato relatado, é expor os medos, as permanências, os traumas. Relatar a si mesmo, também é encontrar esperanças na partilha, é confiar que o outro tenha empatia para dar o auxílio necessário para amenizar os sentimentos doloridos.
Nesse sentido, nós do I EGEDIC, gostaríamos de proporcionar um espaço virtual para compartilharmos essas memórias, sejam elas doloridas ou exitosas, traumáticas ou de superação, para que outras pessoas possam entender que o mundo ainda carece de muita atenção, que parte da sociedade ainda se comporta de forma racista, homofóbica, misógina e machista, que a cada minuto que se passa uma violência nova é cometida, que muitas pessoas ainda sofrem completamente caladas as inúmeras agruras padecidas no corpo e na mente, que embora ecoem discursos de tolerância e respeito ao outro, os direitos humanos são cada vez mais desumanizados.
O que temos é um convite, um desses que não é tão fácil fazer e nem tão fácil aceitar, mas uma oportunidade real de dividir anonimamente essas memórias, não é um apelo, nem local para denúncia anônima ou de retaliação pública, uma vez que, nós entendemos que existem os canais próprios para esse tipo de ação e que requerem ao contrário do que estamos fomentando, assumir-se publicamente vítima de um assédio, de uma violência física, de uma coerção moral, etc. Pensamos nesse espaço como um momento oportuno para dividir e partilhar suas experiências, vivências de seu existir nesse mundo.
Como participar? Preenchendo o formulário isento de informações pessoais, partilhando seus relatos, memórias, histórias, ocorridos, sendo eles em seus formatos diversos, expressados como narrativas ou artisticamente em forma de poemas ou imagens. Todo material coletado pelo grupo será transformado em conteúdo digital, que irá permanecer disponível no site do
evento e será projetado em um telão, localizado no pátio da Unespar de Campo Mourão, em momentos de grande circulação da comunidade acadêmica, ainda na semana que precede ao evento. Também iremos fazer essa exposição fixa durante o evento.
Externar essas mazelas do corpo e da alma não se trata de fomentar o debate do vitimismo, pelo contrário, é mostrar por meios efetivos que a sociedade está adoecida e que carece, urgentemente, de RESPEITO e AMOR AO PRÓXIMO, EM TODAS AS HORAS E LUGARES.

*BUTLER, Judith. Relatar a si mesmo: Crítica da violência da ética. Trad. Rogério Bettoni. Belo Horizonte: Autêntica, 2017, p. 2