ST 01

ST 01. Título:
A CONTESTAÇÃO DO TERRITÓRIO: LITERATURA DE AUTORIA FEMININA
 
Proponentes:
Mirian Cardoso da Silva/UEM
Rafael Zeferino de Souza/UEM  

Resumo: Os Estudos Culturais e a Crítica Feminista têm se tornado relevantes e necessários para a análise humana e social, ao propiciar que as categorias literárias e estéticas se relacionem com questões sociais. O Feminismo tem contribuído na percepção do trabalho mútuo nas formas cotidianas, ou seja, torna visível aquilo que não é reconhecido pelo cânone literário e pelos interesses masculinos, o que resulta em produção de “novos objetos de estudo, obrigando-nos (...) a reformular velhos objetos” (JOHNSON, 2010, p. 1). Cevasco (2003) afirma que os estudos culturais pensam a obra de arte em conjunto com a sociedade, o que contribui para repensar a questão do cânone e o próprio conceito de literatura, configurando espaço e representação às obras de autoria dos que estão à margem. Ocorre aqui uma nova representação desses grupos, isto porque, embora o romance tenha emergido como expressão do mundo burguês, as mutações do romance ao longo do tempo, segundo Bakhtin (2010), transformaram tanto histórica e cultural quanto socialmente os modos de expressão, dando espaço para os grupos de minoria. Portanto, o conceito de representação abrange, conforme Woodward (2007), a questão da identidade, pois posiciona-nos enquanto sujeitos através dos significados produzidos pelos sistemas simbólicos e práticas sociais, além de ser por intermédio destes que o indivíduo dá sentido ao que é, ao que pode se tornar e suas experiências. Isto ocorre devido à questão da representação ser assimilada enquanto um processo cultural, estabelecendo-se não apenas a identidade coletiva, mas também as pessoais: “os sistemas simbólicos nos quais ela se baseia fornecem possíveis respostas às questões: Quem eu sou? O que eu poderia ser? Quem eu quero ser?", também “constroem os lugares a partir dos quais os indivíduos podem se posicionar e a partir dos quais podem falar” (WOODWARD, 2007, p. 18). Por isso, a literatura brasileira é um território contestado (DALCASTAGNÈ, 2012, p.7), pois “todo espaço é um espaço de disputa, seja ele inscrito no mapa social, ou constituído numa narrativa”. Essa literatura caracteriza-se não apenas na questão de estilo e na escolha de temas, mas sim em dizer algo sobre o outro, sobre o mundo e até sobre si mesmo, buscando seu espaço, poder de dizer e ser ouvido. Está relacionada, portanto, ao poder de legitimar seu discurso e quem o profere, de que sua fala seja com autoridade e mereça ser ouvida por ter valor. A proposta deste simpósio, portanto, é abarcar trabalhos que pensem a literatura de autoria feminina sobre diversas perspectivas, debatendo questões sociais, pensando sobre o próprio fazer literário, a construção de identidades, representações de personagens, entre outras temáticas que enriquecem a pesquisa da literatura de autoria feminina, suscitando vozes à margem que se levantam fora do padrão para deslocar aquela literatura já legitimada.
Palavras-chave: Estudos Culturais. Crítica Feminina. Literatura de Autoria Feminina.