ST 07
ST 07. Título:
DISCURSO, HISTÓRIA E MEMÓRIA: O PROCESSO DE COLONIZAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DA TRAJETÓRIA DO NEGRO E DO INDÍGENA A PARTIR DA ARTE E DA LITERATURA BRASILEIRA
Proponentes:
Sidinei Eduardo Batista/UNESPAR-Paranavaí
José Lucas Góes Benevides/PPGSED-UNESPAR-Campo Mourão
Resumo: Quem tem o poder, tem o controle do conteúdo do saber e da maneira como é fabricado esse saber. O discurso eurocêntrico, por exemplo, que dominou o mundo colonial e pós-colonial ainda mantém resíduos profundos, notoriamente de difícil extirpação, na mentalidade colonizada, como aponta Bonnici (2005). Nessa esteira, Foucault (1971) orientava-nos sobre o fato de o discurso ser um sistema de afirmações pelas quais se conhece a realidade. Essa realidade, portanto, emerge por causa do discurso; que produz o relacionamento e o seu lugar no mundo, entre o sujeito e o objeto, entre os colonizadores e os colonizados. Prescindindo de seu sentido linguístico tradicional, o discurso é um conjunto de signos e práticas que organiza a existência e a reprodução social. Existem normas que determinam a natureza do discurso: a classificação de objetos, a identificação de pessoas como colonizadores ou colonizados. Essas normas dizem respeito à classificação e a organização do saber, a exclusão de certas coisas e a inclusão de outras. Segue-se que o discurso, a soma do saber e do poder, tenta manter-se monolítico e qualquer ameaça a sua hegemonia é repelida e rechaçada. Não obstante a isso, como a Arte sempre funcionou como um espelho para as ações humanas. Ainda que o artista não lance um olhar para a sociedade visando retratar ações comprometidas com aspectos de pretensas verdades, sua apreensão do real descreverá, com suas particularidades, o tempo e os costumes de um povo, pois a Arte é a consumação da linguagem, portanto Discurso. É justamente nessas particularidades que pretendemos nos debruçar, neste simpósio, a partir da leitura de obras de arte que coloquem em perspectiva as discussões sobre a História dos Povos Africanos e Autóctones, desde os primeiros anos do processo de colonização, do Brasil. Ao nos lançarmos sobre esse tema, partimos do pressuposto de que o processo histórico foi injusto com os povos africanos e com os nativos brasileiros, de modo que ainda hoje as consequências são extremamente danosas para o colonizado. Para tanto, Gregolin (2007) nos ampara ao atentar para o fato de que “a história é estabelecida a partir de um problema do presente, e voltar à história significa olhar o passado como fonte do presente (sua origem embrionária), e como lugar do acontecimento, da emergência de enunciados que, em sua singularidade, exibem as lutas entre forças em conflito, as redes de contingência que os fizeram aparecer em momento histórico”. Desse modo, acolheremos trabalhos que visem discutir a condição do negro e do indígena e sua trajetória desfavorável na construção da sociedade brasileira.
Palavras-chave: História e Memória; Literatura e Discurso; Colonização X Colonizados